terça-feira, 23 de agosto de 2016

Oi, um gato roubou a minha alma.

Então, eu finalmente tive vontade de escrever algo depois de 190480941842098x² meses sem fazer absolutamente porra de nada novo para o blog. Claro, juntando a preguiça, desânimo, responsabilidade e um monte de outra merda, dediquei quase todo meu tempo livre a aprender a jogar decentemente com alguns amigos, voltar a ler e coisas do tipo, e é sobre isso que irei escrever hoje. Hoje finalmente terminei de ler Lost at Sea, uma das primeiras criações do Bryan Lee O’Maley, criador da possivelmente melhor HQ alternativa de todos os tempos, Scott Pilgrim.



Lost at Sea foi o primeiro trabalho do Bryan Lee, publicado em 2003 pela Oni Press, ele conta a história de Raleigh, uma moça de 18 anos que está fazendo uma viagem dos Estados Unidos para o Canadá, onde ela mora, com outros três adolescentes da escola dela e que ela não conhece. Porém Raleigh tem um problema, ela acredita que sua alma foi roubada por um gato. É, pois é, exatamente isso, a nossa protagonista acha que a alma dela foi roubada por um gato.

De primeira você pode achar que essa graphic novel parece ter uma história engraçadinha sobre amizade, algo bem simples e bacana, mas apesar de ser uma história simples, ela é bastante bela e envolvente. Raleigh está em uma viagem de volta dos Estados Unidos, onde de acordo com ela, ela foi visitar o seu pai, que é separado da mãe, porém ela está voltando com três pessoas da sua escola, com quem ela nunca teve um contato de amizade na vida, mas como isso pode ser possível? Calma, todas as suas respostas chegam com o tempo, e é esse um dos pontos principais da história.


Nossa protagonista está cheia de dúvidas, se sentindo perdida no oceano da vida (haha, isso foi intencional), com várias perguntas sem resposta correndo loucamente por sua mente e isso faz com que ela se sinta mal e desesperada pra tentar entender o que está ocorrendo e encontrar logo as respostas pra tudo o que lhe aflige. Além disso, ela crê que não tem mais a sua alma desde os 14 anos e por isso não consegue se relacionar com pessoas. Assim como o leitor que está ansioso pra descobrir tudo o que levou a nossa personagem principal a estar desse jeito, Raleigh tenta buscar essas respostas de diversas maneiras, o que faz com que ela chegue até onde chegou.

A princípio você pode pensar que a Raleigh é uma protagonista chata e desinteressante, mas muito pelo contrário, esse tom realista emocional que ela carrega a transforma em uma das personagens mais fáceis de identificar-se que eu já tive o prazer de conhecer. Assim como ela, várias outras pessoas se encontram perdidas na vida, sem saber se aquilo que estão sentindo é normal ou não, se elas ainda têm a sua alma ou se elas um dia irão conseguir se encontrar no mundo.



As emoções transmitidas aqui são um retrato de como a transição da vida adolescente pra vida adulta pode ser extremamente complicada, você não se sente bem consigo mesmo, todos ao seu redor parecem se encaixar perfeitamente e saber pra onde estão indo com suas vidas e o que fazer nas situações, como se relacionar com os outros ao seu redor e como se sentir motivado para o que vem pela frente, mas você não, você está simplesmente perdido tentando achar o gato que roubou a sua alma e encontrar aquela pessoa que possa te entender e ser o pilar da sua vida, infelizmente essas duas coisas não vão dar muito certo e você vai se sentir mais perdido e quebrado do que antes, ou até mesmo uma aberração, como se fosse errado se sentir perdido e triste. Mas como em toda boa história, sempre acabam acontecendo alguns acidentes e encontros por acaso e alguns desses encontros podem ser os melhores acidentes que irão acontecer em sua vida, você irá encontrar pessoas que você pode pensar que estejam sempre bem e perfeitas, mas que na verdade estão tão confusos e desanimados quanto você, mas eles gostam de você do jeito que você é e estarão dispostos a lhe ajudar, pois agora você é um deles. Claro, nada é completamente perfeito, apesar disso tudo você ainda vai estar com algumas respostas faltando, mas pelo menos não estará mais sozinho, você terá outros como você para lhe fazer companhia e dividir os medos, anseios e esperanças, se divertir e caçar gatos durante a madrugada em busca de sua alma.



Então, o que vemos nesta história é que muitas vezes nós precisamos sair de nossas bolhas pelo menos em algum ponto da vida para conseguir finalmente juntar um pouco das respostas que queremos achar e por mais que você se sinta sozinho num lugar desconhecido, você pode contar com aqueles que gostam muito de você, pois tudo vai ficar bem e mesmo que um dia você não encontre sua alma ou não encontre aquela pessoa que você deseja tanto para ser o pilar da sua vida, você terá aqueles que lhe ajudam a ser o pilar da sua própria vida.

Portanto, se você estiver se sentindo perdido, respire fundo, conte até dez, chame seus amigos bobões pra fazer alguma coisa completamente imbecil, como andar na rua e gritar memes ou só assistir um filme e ao fim do dia, antes de dormir, dê uma chance de leitura a Lost at Sea, garanto que pelo menos pode lhe dar um pouco de direção e noção.


sexta-feira, 15 de janeiro de 2016

O Sol parou, os deuses estão mortos



Eu realmente nunca pensei em escrever um review desse jogo, na verdade a palavra mais correta era que eu tinha preguiça, mas ao fuçar um pouco a Steam ontem, me deparei com uma novidade que me fez sentir novamente um hype para com um telejogo eletrônico. Essa novidade é nada mais nada menos que The Banner Saga 2, a continuação da saga épica ambientada num mundo a beira da destruição e com referências à cultura viking, e é sobre esse joguinho que irei falar hoje.

The Banner Saga é um jogo inspirado na cultura viking, é um RPG tático com decisões que pesam na narrativa e com um sistema de caravana em que você viaja por cidades e utiliza de suprimentos para manter todas as pessoas que lhe acompanham vivos.

Na história do jogo, os deuses morreram, o mundo vive num eterno crepúsculo (a hora do dia, não aquela saga chata de vampiros), monstros gigantes chamados dredge surgem e começam a devastar vilas e cidades. Você assumirá o controle de duas caravanas, uma comandada por humanos que estão fugindo de um vilarejo que está sendo atacado por dredges, enquanto a segunda caravana é comandada pelos varls, gigantes com chifres e conhecidos por sua grande força e serem excelentes guerreiros.


Um dos pontos mais fortes do jogo é com certeza sua história, ela é bem contada, bem escrita, mas ela chega a ser meio curta e como o jogo está destinado a ter mais duas continuações, o final é uma ponta solta para que o seu sucessor continue, com isso o jogador fica com um gosto de quero mais. Além disso, em certos pontos da história o jogo acaba indo rápido demais, por exemplo na última cidade em que você visita, os eventos acontecem tão rápido que não dá para sentir que realmente estamos chegando no clímax da história, que algo de importante está prestes a acontecer.

A jogabilidade é bastante simples de entender, você tem a barra vermelha que é o atributo de strenght, ele é a vida do personagem e também o dano de ataque, ou seja, se sua vida for diminuindo o seu dano de ataque diminuirá também, isso faz com que você tome bastante cuidado em como irá avançar com seus personagens no cenário de luta. Temos também a armor, que serve como um escudo, o dano que você dará no adversário é a diferença entre a armor dele e a sua strenght, caso a armor dele seja maior, o dano sempre será de 1, então é sempre recomendável atacar a armor para depois atacar a strenght. E por fim temos a willpower, que funciona basicamente como um bônus para ataques, movimentação e poder utilizar das habilidades especiais de cada classe, cada personagem tem um número próprio de willpower que pode ser usado durante a batalha. Além das batalhas por turno, o jogador ainda terá de controlar os suprimentos da caravana, para que a moral não diminua e assim aconteça a perda de willpower e morte dos seguidores, e também existem as guerras, onde você escolhe qual tática usar contra um certo número de inimigos, logo depois disso você tem o resultado do seu ataque e uma pequena batalha normal para confirmar sua vitória ou derrota. A cada vitória em batalha, você ganhará renown, essa é a moeda do jogo, com ela você pode comprar suprimentos, itens e evoluir seus personagens.

Eu acho que este raider tá meio mal posicionado


Bem, as habilidades especiais dos personagens são realmente quase inúteis durante o jogo inteiro, creio que só a do warhawk e warmaster chegaram a ser utilizáveis para sair de algum sufoco, mas durante o resto da campanha acabei esquecendo dessas habilidades.   Outra coisa que faltou foi a customização dos personagens, o sistema de progressão do jogo é bastante linear o que faz com que não seja possível construir os personagens de maneiras diferentes.

"Eu disse que era pra termos virado a esquerda, agora estamos perdidos."

O maior destaque do jogo vai para a sua trilha sonora e gráficos. A trilha composta por Austin Wintory, responsável também pelas trilhas de Journey, CS GO e mais recentemente Assassin’s Creed Syndicate, é extremamente linda e bem trabalhada, além de se encaixar bem nos momentos de marcha com a caravana e em batalhas e tornar tudo mais épico e magistral.

Já os gráficos são de encher os olhos, o estilo visual inspirado pelas animações clássicas da Disney é extremamente lindo e muito bem feito, além disso ele flui muito bem, é como se estivéssemos realmente assistindo uma animação dos anos 60-80. Sinceramente, não dá pra explicar a satisfação de olhar os cenários desse jogo enquanto a sua caravana se move em direção de um lugar melhor para viver ou quando os seus guerreiros gigantes se movem e atacam os monstros inimigos.

Gunnulf sempre ótimo para explicações.

No geral, o jogo merece um 8/10, sinceramente espero que a sequência nos traga respostas, mais personagens marcantes e nos encante com a saga do mundo viking perto de sua destruição. Para aqueles interessados, o jogo está disponível na Steam por R$36,99 neste exato momento que posto, recomendaria comprar em sale, já que não é tão longo. Além desse, existe o Factions, que é uma versão multiplayer de graça que também está disponível na Steam e por fim, a tão aguardada sequência está prevista para o inverno deste ano, até lá, tentem deliciar-se com a primeira parte e o Factions com seus amigos no skype.